O desenho feito no Egito Antigo é a mais antiga representação de fantasma já conhecida
Redação Publicado em 18/10/2021, às 11h04
O desenho de um fantasma em uma placa de argila de 3.500 anos passou despercebido durante vários anos em um cofre do British Museum, na Inglaterra, até ser descoberto recentemente -- tornando-se, assim, a representação de um espírito sobrenatural mais antiga que se tem notícia até o momento.
A imagem, que mostra um espírito barbudo sendo levado para o "outro lado" por um amante, foi feita na Babilônia e só pode ser vista a partir de um ângulo específico, já que suas linhas são bastante tênues. A arte fazia parte de um "guia de exorcismo", que servia para afastar os fantasmas que se recusavam a partir para outro plano.
No caso do desenho em questão, ele representava o motivo pelo qual um fantasma voltaria do mundo dos mortos: a falta de uma parceira. Na placa de argila, um homem de barba é levado com os braços estendidos e as mãos amarradas por uma corda, que está presa na mulher. O texto gravado na peça descreve o ritual que deveria ser feito para mandá-los para o mundo dos mortos.
As informações são do jornal "The Guardian", que também falou com Irving Finkel, curador do departamento do Oriente Médio no British Museum, que explicou porque o objeto ficou esquecido em um cofre da instituição até agora.
"É obviamente um fantasma masculino e ele está infeliz. Você pode imaginar um fantasma alto, magro e barbudo andando pela casa irritando as pessoas. A análise final foi que o que esse fantasma precisava era de um amante", relatou o curador, que descreveu a placa de argila como um "objeto absolutamente espetacular da Antiguidade".
Ele prosseguiu: "Algo que todo mundo sabia era que a maneira de se livrar do velho desgraçado era casá-lo. Não é fantasioso ler isso nele. É uma espécie de mensagem explícita. Há uma escrita de alta qualidade lá e um desenho imaculado. Que alguém pense que pode se livrar de um fantasma dando-lhe uma companheira de cama é bastante cômico", divertiu-se.
Finkel, considerado uma autoridade mundial em escrita cuneiforme -- sistema usado no antigo Oriente Médio na época da produção da placa -- notou que as informações contidas nela haviam sido interpretadas de forma equivocada no passado. Além disso, o desenho só pode ser visto quando visto de cima e sob iluminação adequada, o que ajudou a fazer com que a peça fosse enviada a um cofre desde sua aquisição, no século 19.
Com a descoberta, a placa que nunca foi mostrada ao público deve ser colocada em exposição, segundo o jornal britânico.
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