Daniel Kaluuya, ator de Corra!, diz que foi preterido por racismo em trabalhos no Reino Unido

O inglês Daniel Kaluuya foi indicado ao Oscar de Melhor Ator em 2018 pelo filme Corra!, terror dirigido por Jordan Peele que foi um enorme sucesso de público e crítica.

O reconhecimento que ele obteve com seus trabalhos em Hollywood (ele fez também Pantera Negra, outro enorme sucesso) contrasta com o começo de sua carreira, quando ele era preterido na escolha de elenco de filmes por causa de sua cor. Negro, ele afirmou que bastante com a situação no Reino Unido.

“Eu estava correndo atrás de várias coisas (na Inglaterra)”, disse o ator em entrevista ao The Sunday Times e repercutida pelo Entertainment Weekly. “Mas eu não estava conseguindo papéis por causa da cor da minha pele. Não foi justo. Era uma armadilha”, comentou.

“Por exemplo, fui para um teste. Foram 10 rodadas de audições. Havia eu e um cara branco disputando o papel. Era (uma série) sobre alienígenas. E eu percebi, quando eu estava indo para uma das audições, que o outro cara tinha sido treinado (para conseguir o papel). Eles não me amavam como amaram ele”, explicou.

Kaluuya complementou: “Em qualquer outra profissão, isso seria estranho, mas foi aceito na minha. Isso aconteceu algumas vezes, e eu disse: ‘Não. Eu não sou um idiota.'”.

A declaração do ator sobre o racismo que sofreu em seu país natal aparece em um momento em que o BAFTA, a premiação de cinema tradicional do Reino Unido e considerado o Oscar britânico, sofre um intenso ataque por ter indicado apenas atores brancos em sua lista deste ano, mesmo com papéis fortes interpretados por negros.

Em 2018, o próprio Kaluuya foi reconhecido pelo British Academy Film Awards com o BAFTA’s Rising Star Award, que é o prêmio para estrelas em ascensão. Neste mesmo ano, um relatório deu conta que 94% de todos os indicados eram brancos.

Naquela época, ele deu uma entrevista para a Entertainment Weekly e falou sobre uma cena de Corra!, onde seu personagem conversa com várias pessoas brancas, mais velhas e ricas em uma festa.

“A cena da festa era como ‘Oh, eu já estive nessa festa. Vou para essa festa’”, disse o ator durante o SAG Awards Spotlight, evento da revista reunindo os indicados ao prêmio do Sindicato dos Atores de Hollywood daquele ano.

“Tipo, esse tipo de racismo que não é visto como racismo, que não é visto como tipo de racismo convencional. É apenas uma coisa da vida. E explorar isso é sempre uma conversa bastante desconfortável. E o Jordan (Peele, diretor do filme) apenas falou sobre a sua verdade. Ele articulou cinematicamente uma experiência pela qual milhões de pessoas passam e elas são feitas para se sentirem loucas por passar por isso. Mas ele apenas disse: ‘Não, na verdade, você não é louco.’”, afirmou na época.