Jornalista que inspirou filme com Charlize Theron diz os erros e acertos do longa - Foto: Reprodução O Escândalo, filme que conta a história de um grupo de
Redação Publicado em 10/01/2020, às 06h00
O Escândalo, filme que conta a história de um grupo de jornalistas que acusou o então todo-poderoso da Fox News, Roger Ailes, tem conseguido várias indicações na temporada de prêmios deste ano.
Quem está sendo mais lembrada, contudo, é Charlize Theron. A atriz, que não é indicada ao Oscar desde 2005 por seu trabalho em Terra Fria, brilha como Megyn Kelly, uma das primeiras a denunciar o chefe de redação, que morreu em 2017 negando todas as acusações.
Kelly tomou distância da produção, que foi dirigida por Jay Roach e teve roteiro escrito por Charles Randolph. Na última quinta-feira (09/01), no entanto, ela resolveu assistir ao filme e quebrar o silêncio sobre o que é real e o que é licença poética na história que chegou aos cinemas.
A jornalista divulgou um vídeo de 30 minutos em que ela aparece assistindo ao filme, ao lado do marido Douglas Brunt, e de Juliet Huddy, Rudi Bakhtiar e Julie Zann, ex-funcionárias da Fox que também acusaram Ailes de assédio.
“Bombshell (título em inglês da produção) é um filme de Hollywood sobre o escândalo de assédio sexual na Fox News”, escreveu Kelly no Twitter, logo antes de compartilhar o vídeo em sua conta. “Eu não tenho conexão com o filme e não tenho nenhuma participação nele. No entanto, tenho uma conexão com muitas das mulheres que realmente vivenciaram a situação”, disse.
The movie “Bombshell” is a Hollywood film about the sexual harassment scandal at Fox News. I have no connection to the film, and hold no stake at all in it. I do, however, have a connection to many of the women who actually lived it. Here is their account. https://t.co/LCkdYvF6qr
— Megyn Kelly (@megynkelly) January 9, 2020
No vídeo, Kelly conduz uma discussão sobre os acertos e erros de O Escândalo. Ela começou dizendo que não se sentia confortável em dar detalhes sobre o desempenho de Theron, que a interpretou, por estar “muito próxima” dessa história.
“É muito estranho ver alguém que se parece com você na tela, fingindo ser você”, ponderou. Em seguida, afirmou que o roteirista tomou certas liberdades com sua história, mas que algumas cenas importantes foram retratadas de forma verdadeira para ela. Em especial, a cena de atmosfera tensa no elevador que levava ao escritório de Ailes.
A jornalista aproveitou para compartilhar algumas entradas em seu diário da época, deixando bem clara a forma com que seus relatos batiam com as cenas do filme. No entanto, houve momentos de crítica.
Ela mencionou especificamente os momentos que falam sobre o debate da disputa presidencial envolvendo Donald Trump, além de ter afirmado ser falso o momento em que Ailes a aplaudiu por ter questionado o atual presidente dos Estados Unidos.
“A noção de que Roger gostou da pergunta “de mulher” feita a Donald Trump porque criou controvérsia não era verdadeira”, comentou Kelly. “Roger não gostou da pergunta – nem um pouco – e ficou muito zangado comigo por fazer isso. A certa altura, ele me disse: ‘Sem mais coisas de empoderamento feminino”, completou.
Por fim, o grupo comentou sobre uma cena em que a personagem de Margot Robbie, que foi composta baseada em várias acusadoras anônimas da Fox na vida real, deixa Kelly envergonhada por não ter feito as denúncias antes, poupando assim outras mulheres.
Contrariada com o que viu, Kelly chamou a cena de “culpa da vítima”. Ainda assim, afirmou que se fosse consultada, a manteria no roteiro.
Por fim, comentaram também sobre uma cena em específica que foi retratada com certa fidelidade: a infame “rotação” de Ailes, quando ele pedia para que as suas funcionárias dessem uma “giradinha” ao seu comando. Kelly diz ter passado por isso apenas uma vez.
“Se você não entende como isso é humilhante, não posso ajudá-lo”, disse. “Olhando para trás, eu daria qualquer coisa para dizer não”, concluiu. As informações são do Entertainment Weekly.