O diretor falou sobre o filme, baseado em música da Legião Urbana, ao lado de Gabriel Leone e Alice Braga
Mathews Araújo Publicado em 05/12/2020, às 17h01
Renê Sampaio, diretor do filme "Eduardo e Mônica", esteve na CCXP 2020 para falar do longa-metragem estrelado por Alice Braga e Gabriel Leone, baseado na música da Legião Urbana composta por Renato Russo nos anos 80.
No bate-papo, Gabriel se revelou um grande fã da banda, que esteve em atividade no Brasil de 1985 até a morte de Renato, em 1996, e cravou seu nome na história da música brasileira. Alice também se mostrou fã, mas explicou que começou a conhecer mais da banda ao gravar o filme.
"Eu era muito nova quando ouvi, e quem me apresentou a música foi o Jorge Furtado, muito amigo da minha mãe (Sonia Braga). Eu já tenho um carinho por aí, e eu sempre fui fã do Renato como poeta e cantor, mas não era tão fã como o Gabe", disse ela.
Sobre o filme, Alice rememorou das gravações com carinho. "Foi um processo lindo, porque comecei a conhecer mais a Legião Urbana. Poder trazer para o cinema uma música do Renato que fala muito sobre esse casal, essas pessoas, é muito especial, principalmente nos dias de hoje, que fala muito sobre diferenças", explicou.
Renê também falou sobre sua experiência com as canções da Legião -- ele dirigiu "Faroeste Caboclo", em 2013. "Eu estava lá quando lançou o disco. Sou fã desde moleque, cresci ouvindo Legião. Lembro quando ouvi essa música pela primeira vez, com 13 anos, e a obra da da Legião fazia sentido pra mim", ressaltou.
Ele também falou da atemporalidade das músicas de Renato. "(O filme) Prova um pouco da mensagem universal que o Renato fez, que passou de uma geração para outra. E é feito para quem ama a Legião, mas também para quem nunca ouviu Legião que vai se reconhecer", frisou.
Questionado se "Faroeste Caboclo" e "Eduardo e Mônica" fariam uma trilogia baseada nas músicas da Legião Urbana, Renê Sampaio confirmou. "Nosso planejamento sempre foi de fazer três filmes de músicas do Renato, e vamos ver. Eu já sei qual é o segundo, e vamos ver o que vocês pensam sobre qual será (a terceira)", disse, enigmático.
Alice, por sua vez, contou como foi fazer uma comédia romântica, diferente de seus outros trabalhos, mais focados no drama. "Foi uma esxperiencia muito linda, e quando comecei a fazer com o Renê, ele queria me tirar desse lugar do drama para uma coisa mais solar, mais dinâmica, que é 100% livre; acho que a palavra é solar", comentou.
"Foi muito llindo o encontro com o Renê para me tirar dessa coisa do drama. Acho que o filme tem uma coisa muito linda que a gente tentou fazer ser verdadeira essa relação entre os dois, esse lugar como um complementa o outro, de como a diferença deles é o que potencializa deles, que isso não deve ser a ruptura deles".
Alice falou sobre a importância da mensagem de "Eduardo e Mônica". "Acho que as músicas do Renato, da Legião, elas tem uma potência de história, mas eles tem um olhar sobre a humanidade e as pessoas e a forma como transformam isso para a musica, e traz esse encontro com o público", argumentou.
Gabriel revelou como foi a preparação para o personagem, que começa o filme com 16 anos -- o ator tinha 25 na época das filmagens. "Eu gosto bastante de me transformar para cada personagem, de fazer caracterização, e tem alguns personagens que dão chance de você se transforrmar mais radicalmente", começou.
"O Eduardo deu esa oportunidade, eu tinha 25 quando filmamos, e na música ele tinha 16. então, tinha um desafio e trabalho muito grande de composição corporal e energia que a gente fez durante um tempo com o Sérgio Penna, grande preparador. E tinha essa parte toda da caracterização, que ia me ajudar na metade do caminho, só que foi curioso que eu vinha de um trabalho, uma série, e eu tinha ganhado corpo pra caramba, careca...", relembrou. Renê concordou: "Foi desesperador", disse, aos risos.
Perguntado sobre o motivo de não ter permitido que o filme fosse para o streaming, depois de ser adiado por causa da pandemia do novo coronavírus, Renê explicou que gostaria que o público tivesse uma experiência no cinema como em um show da Legião.
"A gente fez o filme para o cinema, a gente quer lançar no cinema, tem a questão do desejo nosso, mas porque é um filme-evento, para levar a familia, para ter catarse coletiva e filmado para tela grande, e merece a chance. O publico merece essa chance, tivemos propostas quase irrecusaveis, mas o destino do filme é começar no cinema", disse ele.