Tarcísio Meira morreu nesta quinta-feira (12/08), em hospital de São Paulo
Redação Publicado em 12/08/2021, às 11h28
Tarcísio Meira, um dos maiores atores da história da dramaturgia brasileira, morreu aos 85 anos nesta quinta-feira (12/08), após passar seis dias internado em um hospital de São Paulo devido a complicações da covid-19.
Em janeiro do ano passado, o artista deu uma entrevista para a Quem para falar sobre sua peça O Camareiro, que estava em cartaz no Teatro FAAP e que foi interrompida pelo início da pandemia, dois meses depois. Nela, Tarcísio falou que não tinha planos de se aposentar e fez considerações sobre velhice e morte.
"Acho que qualquer ator pode se identificar com esse personagem. Nosso trabalho é muito difícil e cansativo, mas também muito prazeroso e enriquecedor. Se é uma coisa que o ator não pensa é em se aposentar e parar de atuar", declarou na época.
Claro que ninguém quer morrer no palco. Esses dias vi um sertanejo que morreu no palco (no caso, trata-se de Juliano Cezar, que morreu durante um show em dezembro de 2019). Achei tão triste, espero que não aconteça comigo e nenhum de nós. Mas não penso em me aposentar, parar. Agora, sendo realista, depois desta peça, não vou fazer outra. Estou indo para os 85 anos, estou velhinho. Não acredito que surja um outro personagem que eu possa fazer.
Sobre a velhice, Tarcísio falou sem qualquer filtro: "Não tem nada de melhor na velhice, tudo é pior. Envelhecer é uma coisa muito chata. Tem limitações física e intelectuais cada vez maiores. A memória não é mais a mesma. A morte está aí. Qualquer hora ela chega. Que chegue bem. Não penso muito nisso", frisou.
“Me preocupo em ficar bem, cuidar da minha saúde, não saio por aí fazendo loucuras. Faço as minhas consultas, vejo as coisas que estão erradas comigo e procuro corrigi-las, faço academia, minha ginastiquinha… Não faço tanto quanto deveria, mas faço”, confessou.
O ator também afirmou que não sentia mais falta da rotina agitada de alguns anos atrás: "Não sinto falta de estar sempre ocupado. Sinto que já fiz bastante coisa, muitas boas e outras nem tanto… Tudo foi acontecendo quase como um turbilhão na minha vida. Nem parava muito para pensar, não dava tempo".
"Tive pouco tempo para mim na minha vida. Não sei como é hoje em dia fazer novela, tenho impressão que é mais fácil, mais dividido. Antes era concentrada em muitos poucos atores. Acho que ninguém decorou tanto texto quanto eu", brincou.
Em dezembro de 2019, em entrevista para a Revista Veja para também divulgar a peça, Tarcísio foi ainda mais direto em relação ao que pensava sobre a proximidade da morte.
“A esta altura da vida, muitos colegas da minha idade se foram. Daqui a pouco, vou eu. Talvez eu deixe um vazio nas pessoas”, lamentou na ocasião.
A morte me assusta. Ninguém gosta de pensar que o fim está chegando. Mas ele está chegando para mim. É triste também lidar com a perda dos amigos. Certa vez, fui receber um prêmio de cinema. Dei de cara com o diretor de teatro Antunes Filho. Foi uma alegria, porque fazia anos que não o via. Eu disse: 'Antunes, somos sobreviventes'. Pouco tempo depois, o próprio Antunes morreu.