Atriz completa 39 anos no Dia Internacional da Mulher
Redação Publicado em 08/03/2021, às 10h53
Completando 39 anos no Dia Internacional da Mulher, a atriz Marjorie Estiano comentou sobre realização, papel das mulheres na luta contra o machismo e crise de idade, em conversa com o Gshow.
Estudante de teatro e canto aos 15 anos, Marjorie estreava em Malhação há 17 anos como Natasha, além de já ter 30 trabalhos grandes no teatro, cinema, música e TV. Na reprise de 'A Vida da Gente', a atriz comenta: "A inspiração pode vir de um conjunto de elementos em uma mesma pessoa, de um único aspecto também, de um comportamento em um momento específico, de escolhas diárias. Ser mulher é a ação de abrir caminho cotidianamente, de se libertar de regras e conceitos predeterminados, que na mais branda hipótese são introduzidos inconscientemente na nossa identidade".
"E isso pode ser cansativo, sobretudo quando negamos assumir um padrão 'masculino' de comportamento para conseguir nosso espaço. A repetição é cansativa, porque dá a sensação de que se anda muito pouco, de que as transformações são mais lentas do que deveriam".
Marjorie fala sobre como poder feminino a inspira: "Mulheres fortes e que se valem da sua singularidade, da sua individualidade como seu diferencial, como vantagem para si própria, mulheres que não perdem suas características para se impor, me inspiram. Tenho certeza absoluta que abrir caminho hoje, já está muito menos pesado do que já foi, e vejo isso com a responsabilidade de seguir com essa progressão".
Ela continua: "Sou forte o quanto posso ser, talvez. E isso não faz com que eu sofra menos, mas me ajuda a conduzir o sofrimento que sinto a fazer um caminho que me beneficie, me aprimore". A atriz ainda afirma se sentir muito realizada: "Sinto orgulho não só do que me tornei, mas do caminho que percorri, da trajetória. Porque consigo ver a construção e é nela que está a realização. De onde começou e como caminhou até agora. Sei que vou seguir trabalhando e aproveito para agradecer muito à minha professora Helena Varvaki, às oportunidades que tive e às pessoas que conheci. São todas responsáveis por essa realização. Contribuíram e contribuem para essa trajetória diariamente. Com sorte, ainda vou ter muito tempo e estrada para percorrer e espero poder continuar caminhando".
Marjorie diz que se sente uma pessoa muito privilegiada: "Acho que minhas ambições estão voltadas mais para o desenvolvimento da habilidade de usufruir cada vez mais do que é estar vivo, de poder alcançar e compreender melhor o que isso significa, a dimensão dela. Eu sou uma pessoa muito privilegiada, em todos os sentidos, e com isso me sinto na obrigação de estender aos outros esses privilégios de alguma forma também… Eu ainda não sei muito bem como potencializar isso, mas intuo que talvez esteja justamente nessa habilidade a que me referi, e que a tal compreensão vai me auxiliar a realizar esse desejo".
No Dia Internacional da Mulher, ela parabeniza todas as mulheres, seja da cidade urbana ou do interior, de todos os lugares, gerações e culturas: "E mesmo vasto, hoje vivemos em um mundo que nos possibilita um maior acesso e conexão entre essas pontas. E quando uma mulher se coloca e enfrenta, luta, exige o seu espaço e direitos, em qualquer parte, isso ressoa e reúne todas as outras. Acredito na força do individual fazendo o coletivo. Que sigamos abrindo caminho, soltando essas amarras, cada qual a sua maneira, rumo à liberdade".
"Amo ser mulher, sou plenamente feliz, e as desvantagens impostas pela sociedade não me fariam mudar de ideia. Porém, se pudesse apenas como exercício existir como homem, o faria. Só pra sentir o que é". A atriz finalizou, falando sobre o direito de cada pessoa de viver: "É responsabilidade e direito de cada um viver como bem entender. 'Aproveitar a vida' é relativo ao significado que cada um atribui, é individual. Me lembro que na adolescência eu não era namoradeira. Na verdade, nunca fui, e uma colega de turma falava para mim : 'Marjorie, você tem que aproveitar a vida, você está desperdiçando a sua juventude.' Possivelmente, ela ouviu isso da mãe. Para mim, eu estava aproveitando a vida".
"Vim a ter relacionamentos amorosos mais para frente. Foi no meu tempo, e não acho que perdi nada com isso. Aliás, acho que a gente não tem nada a perder se acolhermos nossa escuta interna, se seguirmos nossa intuição e nos entregarmos ao nosso caminho próprio. A vida é vida até o último respiro. E oportunidades pertencem a perspectiva sobre ela. Eu me senti boa parte da vida muito sozinha e acho que encarei nessa solidão uma necessidade de estar preparada para segurar o que quer que fosse, mas essa trilha já foi bem diferente de como é hoje".
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