Bandeirinha Fernanda Colombo, após ser vítima do machismo: ‘Falam sem pensar, mas isso não pode ser justificativa’

Fernanda Colombo Uliana - Créditos: MF Models De uma semana para outra, a vida da bandeirinha Fernanda Colombo Uliana, de 23 anos, mudou completamente. Após

Redação Publicado em 21/05/2014, às 13h26 - Atualizado às 13h58

Fernanda Colombo Uliana - Créditos: MF Models

De uma semana para outra, a vida da bandeirinha Fernanda Colombo Uliana, de 23 anos, mudou completamente.

Após errar nas partidas entre Atlético-MG e Cruzeiro, pelo Campeonato Brasileiro, e São Paulo e CRB, pela Copa do Brasil, ela foi duramente criticada — muito mais do que outros árbitros que erraram em diferentes jogos das mesmas rodadas dos torneios citados acima.

Além da enxurrada de xingamentos feitos pelas torcidas (algo que, convenhamos, é normal em um jogo com erro de arbitragem), uma declaração machista, feita pelo diretor de futebol do Cruzeiro, Alexandre Mattos, fez com que o caso tomasse proporção internacional.

Em entrevista à rádio Itatiaia, de Minas Gerais, o dirigente disse que “estão tentando promover ela, porque ela é bonitinha” e insinuou que ela está na profissão errada, que deveria posar para a Playboy.

A bandeirinha Fernanda Colombo – Créditos: Divulgação/MF Models

Conseguimos um tempinho com ela para saber como toda essa polêmica afetou sua vida e a de seus familiares.

Em um trecho da entrevista, Fernanda faz uma indagação que repassamos para os envolvidos: “Erros acontecem, por que o meu seria mais grave?”.

Leia o bate-papo abaixo:

CENAPOP: O que aconteceu com você mobilizou muita gente (a favor, e contra). O que as figuras masculinas da sua família (namorado, pai, avô) acharam dessa polêmica?

FERNANDA COLOMBO: Mobilizou muita gente sim. Muitas pessoas me apoiaram principalmente quem me conhece e conhece o meu trabalho. Tive apoio quanto à repercussão que foi desnecessária, pois erros no futebol acontecem e por que o meu seria o mais importante ou o mais grave? E também quanto à declaração machista.

A mobilização contra deu-se por pessoas que julgam os outros sem realmente conhecerem, julgam toda uma carreira de incompetente por acharem que eu queria me promover estando na arbitragem… algo que não possuiu lógica, pois se eu quisesse uma promoção maior na mídia arbitragem com certeza não seria a melhor opção. Além disso, por pessoas que são machistas.

Minha família acompanhou e acompanha de perto todas as etapas a qual eu tenho enfrentando para chegar aonde cheguei. Desde o início quando ainda fazia o curso até hoje. Sabem as horas que preciso me dedicar treinando, os meses que fico sem vê-los, por morar em outra cidade e estar ocupada com jogos e compromisso relacionados à arbitragem, eles sabem de todos os jogos que eu fiz, que esses não foram os primeiros e toda a pressão que envolve a arbitragem.

A bandeirinha Fernanda Colombo – Créditos: Divulgação/MF Models

CP: A maioria dos grandes portais mostra ensaios sensuais ao lado de matérias esportivas. Você fica incomodada com essa ideia de que quem gosta de esporte é homem, e quer ver mulher sem roupa?

FC: Acho que não seja algo exclusivo dos homens. No geral, os atletas possuem corpos diferenciados e que geram curiosidade das pessoas. Todos podem gostar de esportes.

CP: Um grande portal carioca postou uma foto em que você aparece de costas e abaixada, dizendo que estava fazendo uma “pose indiscreta”. Você viu essa foto? Acha que essa abordagem da mídia ajuda a criar a imagem de mulher-objeto?

FC: Achei a foto totalmente desnecessária, mas infelizmente é algo que atrai a atenção das pessoas, principalmente pela manchete, pois na foto não há beleza nenhuma.

A bandeirinha Fernanda Colombo – Créditos: Divulgação/MF Models

CP: O futebol mudou depois do que aconteceu? Você concorda que o futebol é o reflexo da sociedade, e a mudança deve acontecer primeiro na sociedade, e não no futebol?

FC: Com certeza o futebol é reflexo de tudo que vivemos. É um ambiente onde as pessoas extravasam suas emoções e acabam agindo e falando coisas sem pensar, perdem a razão, mas isso jamais poderá ser justificativa para esses fatos que acontecem. Pra mim o futebol mudou sim, não acreditava que existia tanto preconceito assim.

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