“Bebê Rena”: série é ousada, angustiante, perturbadora e uma das melhores da Netflix

Eduardo Graboski Publicado em 29/04/2024, às 08h00

Bebê Rena é profunda, complexa e bem-produzida - Foto: Divulgação
Dia desses me deparei com um post da Mari Palma, jornalista da CNN e amante de cinema, dizendo que havia perdido a hora ao maratonar Bebê Rena, nova série da Netflix. Confesso que já tinha visto no catálogo, mas o título não me atraiu. Parecia mais um besteirol dramático.
 
Pensei: se ela, que ama séries e filmes, perdeu preciosas horas de sono na frente da TV, algo de bom deveria ter. Não deu em outra! Bebê Rena é uma das melhores séries já lançadas nos últimos tempos. Ousada, angustiante, perturbadora, reflexiva e chocante, a produção é baseada em uma história real. Mas, vou evitar spoilers.
 
Bebê Rena mostra uma mulher obsessiva e desequilibrada (Martha Scott), perseguindo um barman que sonha em ser comediante (Donny Dunn). Depois de fazer uma gentileza para ela no pub em que trabalha, a história toma outros rumos. É impossível desgrudar os olhos da TV e encarar todos os episódios de uma só vez.


A série tem ritmo, suspense e muito mistério. É um thriller. Cena a cena, as razões e emoções que envolvem os personagens são reveladas. É impossível não se identificar com a ‘perseguição’ em algum momento da história. A mulher, na verdade, idealiza uma história de amor e ele, sem se dar conta, entende que a sua gentileza abriu as portas para um verdadeiro abismo – ou inferno mesmo.
 
Não só por ter que enfrentar o jeito pegajoso de Martha, mas porque ele próprio precisa lidar com suas angústias e medos para mergulhar dentro da própria essência. Na série, a dolorosa e angustiante trajetória de Donny se mescla – com muita empatia – ao triste mundo de Martha. Os dois são como almas irmãs.
 
Martha parece viver em um mundo paralelo. E quem assiste se pergunta: por que Donny permite todos os abusos e perseguições? A resposta vem em doses. O barman, que sonha com a fama na comédia, na verdade enfrenta uma dura e difícil jornada de autoconhecimento. E divaga sobre autoestima, carreira, saúde mental e a sua própria sexualidade.
 
A história é surpreendente. No quarto episódio, uma reviravolta traz boas razões para esse envolvimento entre Martha e Donny. E no último capítulo, a explicação do título Bebê Rena. Não quero tirar o seu prazer por descobrir. Portanto, assista! Nada de spoilers. A série é daquelas que te prende do começo ao fim e traz uma boa dose de reflexão.
 

Bebê Rena é uma série profunda, complexa, bem-produzida e com grandes chances de conquistar prêmios. Uma produção que, certamente, não será esquecida por quem já assistiu. E que de longe não é mais um besteirol dramático como eu havia imaginado.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do CENAPOP.

Eduardo Graboski Bebê Rena