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Análise: Maid, da Netflix, conquista o público com surpreendente história real

Maid, nova série da Netflix, é estrelada por Margaret Qualley em enredo pesado

Margaret Qualley em cena de "Maid", minissérie da Netflix - Foto: Reprodução / Netflix
Margaret Qualley em cena de "Maid", minissérie da Netflix - Foto: Reprodução / Netflix

Redação Publicado em 05/10/2021, às 19h17

Maid, nova série da Netflix, não tem medo de revelar seu lado mais choroso. É um drama pesado sobre uma mulher que precisa trabalhar como doméstica para conseguir sobreviver ao lado de seu filho pequeno, com o qual muita gente pode se reconhecer. Esta é uma história real, e a produção se baseou no livro de memórias de Stephanie Land para compor os episódios dessa temporada.

A história acompanha a vida de Alex (Margaret Qualley), que está passando por vários problemas na vida: ela tem um namorado emocionalmente abusivo (Nick Robinson), um pai distante (Billy Burke), uma mãe com problemas mentais (Andie MacDowell) e uma conta bancária completamente falida. A situação é tão feia que ela e a filha pequena dormem na estação da balsa, já que não têm para onde ir.

 

Ela acaba indo morar em um abrigo para vítimas de violência doméstica, mas nem aí ela consegue encontrar paz: ela descobre rapidamente que precisa de dinheiro para manter a si e a sua filha, então ela começa a trabalhar como empregada doméstica. Além de ser mãe e se esquivar do pai alcoólatra da filha, ela fica regularmente estressada com a extravagância de sua própria mãe, além de uma chefe (Traci Vilar) que constantemente a cobra por seus atrasos e a necessidade de sair mais cedo para cuidar de sua filha. É nesse turbilhão que Alex descobre que limpar casas é a única parte de sua vida em que ela está em paz.

Maid, então, acompanha a trajetória de Alex e de todos a sua volta sem a menor pressa. Há um tempo dedicado exclusivamente para nos mostrar esses personagens, seus problemas e anseios, além de dar o protagonismo para Qualley, que apesar de parecer um tanto quando deslocada no início, acaba se dando bem no papel da sofrida mulher que luta para criar sua filha sem uma rede de apoio e proteção.

A atriz também tem a oportunidade aqui de trabalhar com sua mãe na vida real, Andie McDowell, que entrega nesta série uma de suas melhores atuações nos últimos anos. Ela é grande ponto forte da série, e mostra que ainda mantém intacto o talento que a fazer ser uma das atrizes de sua geração, frequentemente subestimada pelas produções de Hollywood.

Quase todo o elenco de Maid consegue bons resultados com seus personagens complexos e quebrados, seja por problemas causados por eles próprios ou por conta de uma sociedade que não ampara as pessoas que mais precisam. Talvez por isso a história da série seja tão forte para muita gente: é um retrato do abandono de governos, políticos e da coletividade, que praticamente não se importam com o destino dos desassistidos -- e não importa que a trama se passe nos Estados Unidos: aqui, passamos pelo mesmo calvário.

Muita gente pode torcer o nariz e achar que há um exagero em Maid na hora de descrever como os sistemas governamentais falham na hora de proteger os cidadãos, principalmente mães jovens que estão abaixo da linha da pobreza, morando em abrigos ou mesmo na rua. É evidente que é isso que causa um abalo emocional, mas a série engata de verdade na relação conturbada e emocional entre mãe e filha, e é isso que vale o show. A minissérie está disponível no catálogo da Netflix.