Aguinaldo Silva, autor de Império. Crédito: Divulgação Aguinaldo Silva sempre teve a língua ferina. Agora, em alta com sua novela Império, ele usa seu site
Redação Publicado em 02/01/2015, às 19h04
Aguinaldo Silva sempre teve a língua ferina. Agora, em alta com sua novela Império, ele usa seu site pessoal para fazer desabafos e critica o universo televisivo.
O autor alfinetou os jornalistas que cobrem entretenimento. “Ainda faltava uma semana para acabar o ano e eles já se atropelavam uns aos outros na ânsia de escrever que O Rebu e Amores Roubados foram os grandes acontecimentos da teledramaturgia televisiva em 2014″, escreveu.
Ele ficou indignado também com a ausência de Império nas premiações de televisão. “Enfim: tudo que li sobre os melhores do ano na televisão era em geral mais falso do que uma nota de 3,57 Reais ilustrada com a efígie de Hugo Chavez“, disse ele.
Veja a íntegra do que ele escreveu:
Nunca vi gente tão apressada quanto meus colegas da mídia. Ainda faltava uma semana para acabar o ano e eles já se atropelavam uns aos outros na ânsia de escrever que O Rebu e Amores Roubados foram os grandes acontecimentos da teledramaturgia televisiva em 2014. Gente, pelo amor de Deus! Devemos acreditar piamente no slogan daquela emissora de rádio segundo o qual “em vinte minutos tudo pode mudar”, e até adaptá-lo para as frações de segundos! Digamos que, já quase na prorrogação dessa última semana do ano, a telenovela Vitória, da Record, passasse por uma repentina virada que a colocasse nos anais definitivos da revolução folhetinesca… Como é que vocês iam ficar? Com a maior cara de tacho!
A mesma coisa no que diz respeito ao humor. A julgar pela empolgação quase histérica dos comentaristas do assunto televisão eu diria que as piadas dessa novíssima geração de humoristas saídos da classe média/alta e bem nascida, fruto mais da compulsiva vontade de aparecer que mesmo do humor, veio para ficar, e invadir os teatros de stand up comedy, os cinemas… E, principalmente, os nichos televisivos nos quais não se precisa mostrar serviço/quer dizer audiência, pois o que importa é ocupar espaços que a lei tornou obrigatórios para a produção nacional, sem fazer nenhuma exigência quanto à qualidade dos programas produzidos.
Enfim: tudo que li sobre os melhores do ano na televisão era em geral mais falso do que uma nota de 3,57 Reais ilustrada com a efígie de Hugo Chaves.
Por que estou escrevendo isso? Porque meu caríssimo Moacir Jardim, um dos sócios fundadores deste blog e nosso cônsul na Alemanha, me pergunta porque não fiz eu mesmo uma lista de melhores… E eu lhe respondi via email:
“Porque a modéstia me impede, querido!”
Pois eu não poderia sequer falar em melhores do ano sem citar o diretor-geral Rogério Gomes e sua brava equipe, e pelo menos dez atores que participam da atual novela das nove. Isso sem falar da música, da edição, dos figurinos, dos cenários, da maquilagem, dos cabelos (já notaram que sete em cada dez mulheres pintaram os cabelos com variações da cor usada por Josie Pessoa, a Du de “Império”?)…
E claro, dos responsáveis pelo texto da novela – Márcia Prates, Nelson Nadotti, Maurício Gyboski, Rodrigo Ribeiro, Zé Dassilva, Renata Dias Gomes, Megg Santos, Brunno Pires… Acho que faltou alguém nessa lista, mas – desculpem -, por mais que eu faça não consigo lembrar o nome dele.
Não, a atual novela das nove não figurou na lista de melhores dos jornais, assim como não figuraram aqueles que dão a ela o seu sangue. Mas eu até entendo – novela é um produto descartável, tão descartável quanto o jornal que ontem publicou a lista de melhores do ano… E hoje só serve para embrulhar peixe, ou recolher os excessos de gatos e cachorros mal treinados.