Stephanie Lourenço foi paquita dos 11 aos 14 anos
Redação Publicado em 17/09/2024, às 04h42
Uma das assistentes de palco de Xuxa nos anos 2000, Stephanie Lourenço, de 36 anos, contou que sofreu assédio e homofobia nos bastidores do programa durante todo o tempo em que trabalhou como paquita, dos 11 aos 14 anos.
A revelação foi feita no documentário Para Sempre Paquitas, do Globoplay:
“Chegou uma fase da minha vida ali, que eu já não me identificava com aquela feminilidade, com aquelas danças. Eu comecei a perceber que eu gostava de meninas e também comecei a perceber que eu não me sentia tão a vontade naquele lugar, apesar de eu amar aquele lugar. E eu, já me descobrindo como parte da comunidade LGBT, não era o que se esperava de uma paquita. Eu sofri um tanto de homofobia ali naquela fase que foi difícil, mas eu era muito corajosa”, contou ela.
Bissexual assumida, Stephanie não citou nomes, mas deixou claro que era bem difícil lidar com as cobranças e exigências de Marlene Mattos.
“Para as pessoas que eu podia falar, eu falava (que gostava de meninas). Eu gostava de falar. As meninas achavam curioso. Eu contava algumas fofocas, elas ficaram curiosas e me apoiavam. A pressão era dos adultos em volta. Alguém me chamou de sapatão ali no ambiente do camarim. E tinha um produtor que disse: ‘você nunca mais repita isso aqui’. E era uma pessoa que foi abusiva moralmente comigo durante todo o meu percurso, que me chamava atenção e falava: ‘você tem que se vestir igual às meninas’. ‘Você está muito desleixada’. Era coisa que chegava em mim, tipo: ‘Ah, as meninas precisam tomar cuidado com a Stephanie, porque ela gosta de meninas’. E aí, o medo de ser julgada, de perder minhas amigas…”, lembrou.
“Eu estava pronta para falar que eu não era, ali naquele momento, mas, por algum motivo, eu não falei, e acabei ficando 20 anos dentro do armário, depois de tudo isso. E eu vi que eu me reprimi de uma forma muito violenta por muitos anos. Era uma metade de mim que eu esqueci. Só que quando eu reencontrei também, veio muito forte. Me senti uma potência muito grande e tenho muito orgulho de dizer hoje que eu sou uma mulher bissexual. Eu sinto que agora eu sou eu”, desabafou.
No documentário, Xuxa contou que nunca soube da sexualidade de Stephanie: “Ela nunca me falou. Ela era muito fechada”, declarou.
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