
por Eduardo Graboski
Publicado em 06/10/2025, às 10h46
Dudu Camargo fez o impensável: entrou em A Fazenda sem social media, sem equipe de crise, sem cronograma de post, sem nota de esclarecimento engatilhada. Nada. Em pleno 2025, ele simplesmente… confiou em si mesmo. E talvez – apenas talvez – isso seja genial.
Enquanto os outros confinados deixam um batalhão de ‘adms’ e parentes cuidando da imagem aqui fora, o Dudu resolveu apostar no velho estilo raiz: ser comentado pelo que faz dentro do reality, e não pelo que postam por ele.
Nada de reels dramáticos, mutirões coordenados, textões emocionados ou hashtags fabricadas. Ele nem quis fazer fotos de divulgação. É o oposto da era das estratégias digitais. É o caos puro. E o mais curioso? Está funcionando.
O público anda saturado de participantes com discurso de Instagram e comportamento de publi disfarçada. Dudu, com seu jeito espontâneo (e meio imprevisível), soa mais humano, mais real, mais... televisivo. Mas calma: isso pode ter um preço. Quando chegar a hora de enfrentar uma roça, a falta de uma equipe pode pesar.
Realities são, no fim das contas, também uma batalha de narrativa — e, sem alguém aqui fora para organizar mutirões, filtrar ataques e potencializar o que acontece lá dentro, ele pode ficar em desvantagem. O tempo dirá.
Sinceramente, acredito cegamente que o comportamento de Dudu já viralizou de forma orgânica na web. As pessoas compartilham e replicam vídeos dele de forma espontânea, sem receber nada, dando total apoio ao peão. E quem tiver que votar para ele permanecer no jogo, vai votar. Simples assim. As atitudes, ações e reflexões dele lá dentro já são suficientes. E isso, repercute de forma natural aqui fora.
Por outro lado, não acredito que os social medias estejam com os dias contados. Pelo contrário. O que está mudando é o papel deles. O público já não quer mais um diário do confinamento, e sim uma narrativa, uma comunicação integrada: que envolva estratégia, mídia, direcionamento e assessoria. Esse é o caminho.
Hoje, um bom trabalho de bastidor vai muito além de postar “nosso campeão”. Envolve entender o jogo da fama, o comportamento do público e o ecossistema da mídia. É sobre gerar percepção, narrativa e não apenas likes.
Dudu me parece ditar a nova regra dos realities na web. E as equipes terão que se adaptar a partir disso, já que ele deve chegar à final e inspirar os próximos peões. Estamos diante de uma revolução, de mudanças, ainda que a contragosto de muitos.
Ele apostou no instinto – e está rendendo assunto e favoritismo. Mas o futuro dos realities pede algo maior: uma união entre espontaneidade e estratégia. Porque o reality pode até ser jogado lá dentro… mas a fama, essa, continua sendo construída aqui fora.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do CENAPOP.
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