BBB 21

BBB 21: Carla Diaz fala sobre interpretar Suzane Von Richthofen: "Passei por um estado emocional que nunca tinha vivido"

Novos filmes da atriz precisou ter a estreia adiada por conta da pandemia da Covid-19

'A Menina que Matou os Pais' e 'O menino que Matou meus Pais' têm previsão de lançamento nos cinemas no segundo semestre de 2021 - Foto/Divulgação
'A Menina que Matou os Pais' e 'O menino que Matou meus Pais' têm previsão de lançamento nos cinemas no segundo semestre de 2021 - Foto/Divulgação

Redação Publicado em 23/04/2021, às 10h48

A atriz Carla Diaz falou, em conversa com O Globo, sobre interpretar Suzane von Richthofen nos cinemas e comentou sobre o processo de construção da personagem. 

Os testes para escolher quem iria interpretar a ré condenada a 39 anos de prisão por matar os pais já acontecia há um ano quando Carla soube da produção. Ele ainda contou como foi seu teste: "Fiz um monólogo baseado nos autos do processo. Quando terminei, ficou o maior silêncio no estúdio e pensei: 'Ih, tá uma merda'. No dia seguinte, o produtor e o diretor me disseram: 'Tem que ser você, e correndo, as gravações vão começar'. Pela primeira vez faço uma personagem baseada num caso real e que está viva", explicou.

Ao ser questionada sobre como foi o processo de construção de sua personagem, Carla revela: "Para o teste, reestudei o caso, li matérias, entrevistas, vi documentários. Muita coisa, aliás, era fake news. Fiquei focada no jeito como Suzane falava, em sua postura. Ela tinha personalidade forte, um jeito doce para falar, um olhar de baixo pra cima, uma postura fechada, contida, fruto de criação alemã, rígida. Minha construção foi baseada na leitura corporal. Quando fui aprovada, a produção me passou reportagens de TV e jornais, entrevistas, tudo que tinha saído na imprensa."

Ela prosseguiu: "Mas o mais importante foram os workshops com Ilana Casoy (roteirista e criminóloga). Ela esteve presente nas investigações, na reconstituição do crime e no julgamento. Nos mostrou documentos, áudios, fotos e os autos do processo. Fizemos exercícios para alcançar os vários estados emocionais necessários aos dois filmes". Ao contrário da vida real, no qual Suzane foi demonizada pelo público, a personagem foi humanizada. Carla conta quais as características usou para o papel:

"Quando soube que a personagem era minha, tive que me distanciar do meu julgamento pessoal para conseguir interpretá-la sem fazer juízo de valor. Afinal, assim como todo mundo, fiquei muito chocada com o que ela fez. Como Suzane era, só quem a conheceu pode dizer. Me baseei nos roteiros, nas informações dos autos do processo, no que ela falou no tribunal. São duas Suzanes diferentes: uma que, na versão dela, divide a culpa com o namorado; a outra, que é culpada por ele. Não sei qual se aproxima mais da verdade". Ela ainda respondeu se chegou a conhecer ou estar com Suzane como parte da produção. 

"Não pessoalmente. Tive vontade? Como atriz, claro, mas essa não era uma possibilidade. Os envolvidos não têm ligação com a produção. E também só faria sentido se fosse naquela época. Ela é outra pessoa, passaram-se 17 anos". Quando leu os autos do processo, Carla revela que o que a surpreendeu foram os detalhes: "Na versão do Daniel, ele coloca elementos da relação da Suzane com o pai que, na versão dela, não estão. Por trás deles, estariam motivações que não foram divulgadas. Você se pergunta o que é verdade. Só eles sabem". Ao ser questionada sobre qual foi a cena mais difícil, a atriz explica: "Não interpreto Suzane, mas versões dela. A única parte em que, teoricamente, é ela mesma é no tribunal."

"Ali, falo coisas que saíram de sua boca e não coisas que contaram que ela disse. Passei por um estado emocional que nunca tinha vivido como atriz. Nem pessoalmente. Tivemos acesso a tudo que aconteceu ali, e reproduzir foi impactante. Acho que a ficha caiu. Quando sentei na cadeira para fazer a cena do depoimento, não contive as lágrimas", completou.