Crítica: Eu, a Vó e a Boi decepciona ao pesar a mão no surrealismo do roteiro

Em Eu, a Vó e a Boi, Falabella tem uma boa história, mas perdeu a mão no roteiro ao apostar em personagens surreais, bem comuns em suas obras.

Redação Publicado em 03/12/2019, às 23h59 - Atualizado em 04/12/2019, às 00h08

Yolanda, a Boi (Vera Holtz), Roblou (Daniel Rangel) e Turandot (Arlete Salles) - Foto: Reprodução/Globoplay

Eu, a Vó e a Boi foi anunciada com grande estardalhaço pela Globoplay, sendo uma das primeiras séries originais da plataforma. A história foi originalmente publicada no Twitter por Eduardo Hanzo e foi descoberta por Glória Perez, que passou a função de roteirista para ninguém menos que Miguel Falabella.

O experiente escritor, com várias novelas, séries e peças no currículo, procurou dar maior sustança para a história das duas vizinhas cujo ódio atravessa vários anos de armações e ciladas armadas umas para as outras. Para isso, ele criou uma miríade de coadjuvantes para ocupar os seis episódios do seriado. Acontece que, neste caso, Falabella perdeu a mão no roteiro, apostando em personagens surreais, mas que são bem comuns em suas obras.

Em Eu, a Vó e a Boi temos a lésbica masculinizada, rapazes e moças com nomes americanos “aportuguezados” – como Roblou ou Demimur, baseados em Rob Lowe e Demi Moore – e veteranas com personagens histriônicos. Nada disso é ruim, como se pode verificar em Pé na Cova, última obra escrita pelo autor para a Rede Globo. Aqui, no entanto, o mote principal acaba abandonado para se dar mais ênfase aos personagens criados por ele para, originalmente, servir de apoio. E nem mesmo eles são bem trabalhados: não há tempo de sermos cativados por eles, com a honrosa exceção de Arlete Salles e Vera Holtz, sempre fenomenais.

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