"A primeira coisa que a blitz vai atingir é o pretinho", diz Neguinho da Beija-Flor sobre violência policial

Sambista falou sobre a morte do neto, baleado em um baile funk no Rio de Janeiro, e lembrou racismo que sofreu

Redação Publicado em 01/11/2020, às 10h27

Neguinho da Beija-Flor em entrevista para o Altas Horas de sábado (31/10) - Reprodução/Grupo Globo

Neguinho da Beija-Flor passou, nas últimas semanas, tempos de angústia com a morte de seu nego, Gabriel Ribeiro Marcondes, que aos 20 anos foi baleado em um baile funk no Rio de Janeiro.

Ainda abalado pela perda, o sambista deu uma entrevista a Serginho Groisman no Altas Horas de ontem (31/10) e lembrou que já havia passado por uma situação semelhante em sua vida: seu filho foi atingido por um tiro na porta da faculdade, há 20 anos.

"Infelizmente, criar filho no Brasil com essa violência, principalmente sendo negro... Eu já tive filho baleado na porta da faculdade há 20 anos. Uma blitz... Numa esquina tem 10 parados, um é 'pretinho'. A primeira coisa que a blitz vai atingir é o 'pretinho'. Depois vai revistar os outros", lamentou o artista.
A respeito das declarações que deu logo após o choque da morte de seu neto, dizendo que iria se mudar do Brasil, Neguinho da Beija-Flor mostrou ainda não ter tomado uma decisão definitiva, mas revelou seu maior desejo no momento.
"Eu amo o Brasil. Eu não estou querendo ir para Portugal ou Itália. Eu vou atendendo aqui o pedido da minha esposa: eu quero nossa filha estudando fora", explicou.
 
Questionado se já passou por algum episódio de racismo no Brasil, ele recordou momentos constrangedores durante uma viagem. "Dentro do avião teve pessoa que trocou de lugar. Foi lá, cochichou com a comissária se não tinha outro lugar... e tu vê que o cara vai ali na viagem toda mal-humorado", disse.
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