Diretor artístico Ale Monteiro deu dicas de filmes sobre liberdade sexual para gays
Redação Publicado em 29/07/2021, às 22h42
Mesmo que o mundo tenha evoluído no combate ao preconceito, ainda não é tão comum ver pessoas LGBTQIA+ sendo protagonistas de filmes, séries e novelas.
Segundo o diretor artístico Ale Monteiro, essa falta de representatividade acaba resultando em retratos superficiais e carregados de estereótipos, especialmente quando o assunto é sexo entre homens.
“A relação sexual entre homossexuais é sempre motivo de choque. Os tabus criados dizem que nós, gays, somos ninfomaníacos, fazemos tudo, topamos tudo e ficamos com qualquer um, o que não é a realidade. Tudo que o gay faz ganha conotação polêmica. Precisa se criar a ideia de que gays se relacionam e vivem vidas normais”, aponta.
Ele destaca a importância de tratar a vida sexual da comunidade LGBTQIA+ de maneira realista nas produções audiovisuais.
"É difícil ver gays sendo protagonistas de qualquer trama que seja. Mas se pararmos para olhar a história, Aquiles, Nero, Alexandre o Grande, Santos Dumont, Leonardo Da Vinci eram todos homossexuais assumidos. E no Egito, Grécia, Pérsia e várias outras culturas, o relacionamento entre homens era naturalizado, o que faz a abordagem atual ser uma piada de mau gosto. A vida sexual não deve ser tabu, não deve se reduzir a app e encontros escondidos", explica.
Uma das produções atuais que chamou a sua atenção no que diz respeito à representatividade gay é a série Elite, produzida pela Netflix. Um dos destaques é a naturalidade com a qual aborda a temática.
"Quando assisti à série, reparei que a abordagem para um público relativamente jovem faz muita diferença. A abertura para a diversidade é muito maior", reflete. "Minha torcida é que isso vire regra e não seja uma exceção".
Para aproveitar o Dia do Orgasmo, comemorado neste sábado (31/07), o diretor também indica sete filmes que trazem a liberdade sexual de homens gays – deixando o tabu de lado e celebrando o prazer da liberdade.
“O jovem Elio está enfrentando outro verão entediante na casa de seus pais na Itália. Mas tudo muda com a chegada de Oliver, um acadêmico que veio ajudar a pesquisa de seu pai. É uma história que fala do primeiro amor, e, sim, de orgasmo também”, recomenda Ale.
“Leonardo, um adolescente cego, tenta lidar com a mãe superprotetora ao mesmo tempo que busca sua independência. Quando Gabriel chega em seu colégio, novos sentimentos começam a surgir. É na adolescência que costumam ocorrer novas descobertas, por vezes determinantes em nossas vidas e isso inclui a sexualidade. O filme retrata isso”, aponta.
O longa conta a história de um homem negro que busca autoconhecimento enquanto tenta escapar da criminalidade e do mundo das drogas de Miami. No caminho, ele vai encontrando amor em locais surpreendentes. Em 2017, ganhou o merecidíssimo Oscar de Melhor Filme”, relembra.
“Filme brasileiro de primeira. Paulete, estrela de um grupo de teatro, recebe a visita de seu cunhado militar, Fininha. Um envolvimento entre os dois acaba acontecendo e o soldado precisa lidar com a repressão existente no meio militar em plena ditadura. Traz elementos históricos, traz partes da nossa cultura e muita resistência”, indica.
João Francisco dos Santos, mais conhecido como Madame Satã, foi um transformista brasileiro e um dos personagens mais representativos da vida noturna e marginal da Lapa carioca na primeira metade do século XX. É uma figura que carrega coragem, pioneirismo. Sua força para ser quem foi, inclusive sexualmente, pavimentou o caminho para que, hoje, a gente pudesse ter mais liberdade”, defende.
“O advogado Andrew trabalha num conceituado escritório de advocacia nos Estados Unidos. Quando descobre que é portador do vírus HIV, ele é despedido sumariamente. Então, decidiu contratar os serviços de outro advogado para processar a companhia, em uma luta para garantir seus direitos enquanto homossexual”, acrescenta.
“Jack e Ennis se conheceram quando foram trabalhar juntos em um rancho. Naquele ambiente solitário nas montanhas, acabam se aproximando e tendo um contato sexual. Quando o trabalho acaba, cada um segue seu caminho: ambos se casam, vivem com suas respectivas esposas e, por muitos anos, não se veem. Até que, um dia, eles começam a marcar encontros esporádicos. A longo prazo, mantêm um caso amoroso durante décadas. É lindo, poético, triste e um clássico entre a comunidade LGBTQIA+”, resume.