A alegria Preta Gil faz questão de transmitir em apresentações é contagiante. No entanto, diariamente a artista sofre ataques racistas - e rebate.
Redação Publicado em 21/05/2019, às 15h36 - Atualizado às 16h08
O público que acompanha Preta Gil conhece o seu temperamento forte e empoderado. A alegria que ela sempre faz questão de transmitir, tanto nas redes sociais quanto em suas aparições na mídia, é contagiante. No entanto, diariamente a artista recebe ataques racistas que ela não deixa de rebater.
“Eu sofro ataque o dia inteiro. Os racistas não dão trégua. Eles dizem: ‘mas ela casou com branco. Ela só casa com branco. Ela alisa o cabelo’. As pessoas que são ignorantes em relação a minha história, acham que eu aliso o cabelo. Eles criticam até quando eu o pinto de loiro”, afirmou a cantora em entrevista a revista Quem. “Eu sou negra e eu sou livre. Eu não sou escrava de ninguém. Eu não tenho que seguir nenhuma regra. Meu coração não manda”, complementou.
Sobre seu relacionamento com o atual marido, Rodrigo Godoy, Preta explicou: “Eu me apaixonei pelo Rodrigo, mas eu poderia ter me apaixonado por um negro. Na minha história, eu me apaixonei e namorei vários negros. Mas os racistas gostam e usam isso para me atacar. Eu dou risada da cara deles. É triste ver pessoas tão rasas na vida. Mas acontece”, lamentou.
Preta também falou sobre as maneiras que podem ser usadas para combater o preconceito diário que ela e várias outras pessoas, no Brasil e no mundo, vêm sofrendo nesses tempos complicados: “Sendo, dando exemplo, trabalhando, lutando. Principalmente se unindo. Eu vejo que de alguns anos para cá, o movimento negro tomou uma proporção diferente e não existe um movimento negro no país. Existem movimentos individuais, de pessoas negras que querem combater o racismo, por meio da informação. Isso é o mais interessante”, disse.
Preta também disse, na entrevista, que tem plena consciência do seu colorismo (palavra que significa significa, de maneira simplificada, que as discriminações dependem também do tom da pele, da pigmentação de uma pessoa). No entanto, afirmou: negro é negro. “Óbvio que eu reconheço que a negra retinta, principalmente, a de classe social baixa, passa por coisas que eu não passei. Mas isso não tira a minha vontade de lutar pelos meus. Não só por mim. Não adianta nada eu ser uma negra que tive oportunidades, me sentir num pedestal e não olhar a minha volta”, explicou.
“Eu não vejo essa diferença entre eu e uma irmã mais retinta. Eu sei que o meu cabelo liso, muitas vezes, pode ter me ajudado no sentindo de penetração. Ele me ajudou a circular. Mas o que me fez ser quem eu sou e ter as amizades que eu tenho, é o meu caráter e o meu talento. Mas é diferente. Não adianta eu dizer que é igual porque não é igual. Mas eu não me sinto diferente”, arrematou.
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