Crítica: Vice é um filme gigante, uma das melhores estreias do começo de 2019

Christian Bale tranformado em Dick Cheney - Foto; Reprodução/Annapurna Pictures O filme Vice chegou com tudo na disputa pelo Oscar 2019! O longa dirigido por

Redação Publicado em 02/02/2019, às 04h48 - Atualizado às 05h02

Christian Bale tranformado em Dick Cheney - Foto; Reprodução/Annapurna Pictures

O filme Vice chegou com tudo na disputa pelo Oscar 2019!

O longa dirigido por Adam McKay recebeu 8 indicações ao prêmio máximo da indústria cinematográfica americana: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Roteiro Original, Melhor Edição e Melhor Maquiagem. Ufa! Isso sem contar as vitórias que já obteve, principalmente para o ator principal, Christian Bale, que interpreta aqui o ex-vice presidente americano Dick Cheney – provavelmente o vice mais poderoso da história da humanidade.

No filme, Cheney é descrito como um homem sem futuro, que é pressionado pela esposa Lyn Cheney (Amy Adams) a decidir o que fazer de sua vida. Sem qualquer carisma ou atributo que o fizesse se destacar, ele acaba se decidindo por um estágio na Casa Branca, onde conhece Donald Rumsfeld – aqui, interpretado por Steve Carell de forma sublime. O político tem um carisma inegável e cavou seu lugar em Washington com destreza e, principalmente, quietude. Cheney aprendeu com ele e criou asas próprias, crescendo cada vez mais nos escalões do poder até chegar ao posto de vice-presidente dos Estados Unidos, onde foi o verdadeiro manda-chuva, ao contrário de George W. Bush (papel de Sam Rockwell, vencedor do Oscar de Coadjuvante no ano passado), que é inexperiente e inábil para o cargo.

O diretor McKay usa toda a sua experiência em comédia para fazer rir da trajetória de Cheney. Ao mesmo tempo, ele também provoca reflexão: como a sociedade permitiu que um predador político, mais interessado em lucrar para si e para seus amigos, chegasse a ter tanto poder nas mãos? Evidentemente, o longa faz paralelos com a política atual, cuja carapuça pode servir para qualquer lugar do planeta – inclusive do Brasil.

Entretanto, o ponto alto de Vice está nas atuações. Amy Adams, Steve Carell e Sam Rockwell estão perfeitos em seus papéis, mas quem brilha é Christian Bale. Mais uma vez ele se transforma para o papel, engordando e fazendo exercícios para fazer seu pescoço engrossar e se aproximar do personagem real. Além disso, contou com dezenas de próteses e extensa maquiagem. Só que o principal está no profundo mergulho que ele deu para compor Cheney da maneira mais fiel possível. É praticamente impossível dissociar a pessoa real do personagem para o filme, tamanha é a fidelidade da interpretação. Um trabalho de mestre, que certamente merece ser o favorito do ano ao Oscar.

Vice, além de tudo isso, traz um roteiro esperto que brinca com a nossa percepção do que é real e do que é encenado. Tendo um narrador, interpretado por Jesse Plemons, que mais tarde se revelará importante para a história, o filme usa esse artifício de forma originalíssima, ganhando muitos pontos por isso.

Enfim: pare o que está fazendo e vá assistir Vice no cinema. Com certeza você vai rir muito – e também parar para refletir a que ponto os Estados Unidos (e o mundo todo) se permitiu chegar por conta da ambição de um único homem.

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