007 - Sem Tempo Para Morrer: uma análise COM SPOILERS sobre o último filme com Daniel Craig

007 - Sem Tempo Para Morrer (finalmente) estreou nos cinemas nesta semana

Redação Publicado em 01/10/2021, às 18h23

Daniel Craig estrela seu último filme como James Bond em 007 - Sem Tempo Para Morrer - Foto: Reprodução / MGM Studios

007: Sem Tempo Para Morrer chega aos cinemas após vários atrasos, já que a pandemia de covid-19 fez com que o filme fosse jogado para 2021; era para estrear no ano passado. Deu um ano a mais para Daniel Craig contar como dono de James Bond, um dos personagens mais icônicos do cinema, interpretado por ele ao longo dos últimos 15 anos, que ganha agora uma despedida emocionada e irregular.

Vamos por partes: primeiro, é preciso explicar o que há nesse filme. O começo mostra Bond e Madeleine, papel de Lea Seydoux, apaixonados durante uma viagem para a Itália. No entanto, a Spectre, organização criminosa liderada por Blofeld (interpretado pelo Christoph Waltz), tenta matá-lo e faz uma revelação a respeito de sua agora amada. Apesar de ambos se safarem do atentado, eles se separam.

Cinco anos se passam. Bond já está aposentado, mas volta à ativa após uma arma química super poderosa cair nas mãos de Safin (papel de Rami Malek). O composto foi criado por um cientista russo para a agência de inteligência para a qual Bond trabalhou, sob comando de M (papel de Ralph Fiennes). Ele não sabia que esse cientista era um infiltrado, e que levaria a criação embora para outros fins.

É quando Bond precisa retomar a vida de agente secreto, principalmente após descobrir que Madaleine está de alguma forma envolvida com a situação. Nisso, ele já foi substituído como 007 (Lashana Lynch), mas eles terão que trabalhar juntos para parar essa ameaça, nem que isso possa custar muito caro a todos os envolvidos.

O filme dirigido por Cary Fukunaga tem a missão de trazer o Bond de Daniel Craig para a sua última aparição, e faz isso muito bem do ponto de vista técnico. Os efeitos visuais são usados com pontualidade e de forma discreta, deixando muitas das perseguições e proezas nas mãos de atores, motoristas profissionais e dublês.

Nesse ponto, 007: Sem Tempo Para Morrer é um filme excelente, pois passa a sensação de realidade, apesar de todas as acrobacias feitas pelos personagens -- e continua impressionante que Bond quase não leve tiros.

O roteiro, no entanto, deixa um pouco a desejar, principalmente pelo excesso de personagens que voltam quando não havia muita necessidade -- quem se difere disso é Blofeld, que aparece pouco, mas tem certa importância para o andamento do filme.

Além disso, o desenvolvimento de Safin, interpretado pelo Rami Malek no modo mais automático possível, é completamente falho. Ele não gera ameaça nenhuma, diferentemente do que Javier Bardem fez em Skyfall, por exemplo.

É como se Malek tentasse atuar sem chamar muita atenção, mas isso acabou gerando o efeito contrário: gerou atenção demais para a fraqueza da atuação e de um roteiro que nem se preocupou em dar mais camadas para o personagem. Suas motivações são, quando muito, infantis. Há um subaproveitamento de nomes como Ana de Armas (mas que está em uma das melhores sequências do filme), que fazem figuração de luxo.

Mas aí chegamos ao final -- e atenção para os spoilers: a morte de Bond é uma das mais comoventes dos últimos tempos. Daniel Craig entrega uma atuação de ouro ao usar o seu charme ao máximo, se divertir bastante com as tiradas irônicas do personagem e, principalmente, quando tem que emocionar. Os diálogos finais de Bond com Madeleine são muito bonitos, e a morte do personagem é feita com dignidade.

É uma pena, portanto, que 007: Sem Tempo Para Morrer não tenha usado toda a potência dada pelo estúdio para criar uma despedida um pouco mais organizada para Daniel Craig. Com um roteiro mais enxuto, seria um filme para disputar os prêmios principais da temporada, mas vai ter que se contentar com os técnicos e com a música, executada e composta por Billie Eilish e muito superior às anteriores, sendo superada apenas por Skyfall, da Adele.

Poderia ser melhor? Sim, mas ainda assim, é um bom marco para o fim de uma era.

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