Mulher se nega a participar de desafio e tem seu Facebook bloqueado

Juliana reis com o filho, Vicente - Foto: Reprodução/ Facebook Mãe do pequeno Vicente, Juliana Reis foi convidada por um grupo de mães a participar de uma

Redação Publicado em 01/11/2016, às 09h57

Juliana reis com o filho, Vicente - Foto: Reprodução/ Facebook

Mãe do pequeno Vicente, Juliana Reis foi convidada por um grupo de mães a participar de uma brincadeira no Facebook; o desafio da maternidade.

A ideia era postar fotos felizes mostrando a convivência entre mãe e filho, mas Juliana entendeu que era hora de mostrar a realidade, e acabou tendo sua página bloqueada na rede social na última quarta-feira (26/10).

“Desafio NÃO aceito! Me recuso a ser mais uma ferramenta para iludir as pessoas de que a maternidade é um mar de rosas e que toda mulher nasceu para desempenhar este papel. Eu vou lançar outro desafio, o desafio da MATERNIDADE REAL. De tudo o que as mães passam e as pessoas não dão valor, como se toda mulher já tivesse sido programada para viver isso.”, escreveu, em resposta ao convite.

Juliana propôs o desafio da Maternidade Real – Foto: Reprodução/ Facebook

“Primeiramente quero deixar claro que eu amo meu filho, mas estou detestando ser mãe. E acho que isso não vai melhorar nem quando ele tiver a minha idade atual. Primeiro a gravidez; ‘nossa, que barriga enorme para sete meses’, ‘esse bebê não vem, não?’ e ‘Vicente? Mas porque você escolheu esse nome?’”, continuou.

A postura de Juliana desagradou outras participantes da brincadeira na rede social. A jovem acabou sendo denunciada para a rede social, que decidiu bloquear seu acesso. Para conseguir se comunicar, ela usa a página de uma amiga, que cedeu o espaço para que ela publicasse uma carta aberta.

Confira a carta na íntegra:

“O Vicente dá umas gargalhadas enquanto dorme. É mt lindo, vem uma emoção, uma vontade de gritar (mas ele tá dormindo, então tenho que surtar em silêncio). Mas a hora que eu fico feliz mesmo é quando ele faz essa expressão da foto. Essa é a cara de quando ele faz cocô. Ele olha pro nada, faz esse bico meio estranho e depois vem o barulhão de cocô saindo! E eu detesto trocar fralda! Mas amo tanto quando ele faz cocô porque ele fica bem. Nitidamente ele “se alivia”.

Mas a palavra ‘detesto’ é motivo de julgamentos e motivo de acharem que eu estou louca. Motivo pra terem pena do meu filho. O que me entristece é a crueldade das pessoas. Aos poucos comentários que eu consegui responder, eu consegui NÃO rebater o mesmo ódio que me foi transmitido. Ainda bem que eu estou com muita estrutura pra encarar isso porque se eu sofresse de depressão pós-parto, como mt gente me diagnosticou, vocês só estariam me dando a arma pra me matar.

EU NÃO VOU ME CALAR! VOCÊS NÃO VÃO CALAR AS MÃES!

Uma amiga postou um texto lindo que eu quis compartilhar mas eu não tive tempo e nem a resposta se ela me autorizava. Até agora eu não sei se foi com intuito de me criticar ou de me apoiar, mas isso NÃO importa. No texto ela fala que tem uma diferença entre ser mãe e ter filho. Que ser mãe requer entrega, sacrifício, doação total e amor. Ter filho muita gente tem. E é a mais pura verdade. Quando eu decidi ter esse bebê, eu decidi ser mãe. Só que quando eu me tornei mãe, a Juliana de antes morreu e eu ainda estou de luto por essa morte. Ainda sinto falta de mim, do que eu era antes, de como as coisas eram mais fáceis.. Enfim, o fato de eu estar detestando essa fase não implica no meu amor pelo meu filho, ele é muito bem cuidado. E eu decidi ser mãe pq eu o amo tanto que estou disposta a fazer o que eu “detesto” pro que melhor é melhor pra ele.

Às mães que deram a cara a tapa junto comigo: Vocês são sensacionais! Muito amor por vocês!

À quem critica, porque gosta de criticar, ou porque não concorda comigo mesmo (talvez você tenha tido a maternidade dos sonhos): Meu amor por vc! E peço pra que tenham mais compaixão com a dor do outro! As palavras machucam.

Espero recuperar meu Facebook logo. Até lá, eu sigo acreditando na máxima do meu poeta preferido:

‘As pessoas não são más, elas só estão perdidas. Ainda há tempo!’ (Criolo)

Abraços”

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