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Em seus últimos dias, João Gilberto passou necessidade e presenciou brigas entre parentes

Bebel Gilberto fala sobre a morte de seu pai: "Obrigada por tudo" - Foto: Reprodução/Instagram João Gilberto morreu em julho deste ano. Uma das maiores lendas

Bebel Gilberto fala sobre a morte de seu pai: “Obrigada por tudo” - Foto: Reprodução/Instagram
Bebel Gilberto fala sobre a morte de seu pai: “Obrigada por tudo” - Foto: Reprodução/Instagram

Redação Publicado em 26/10/2019, às 13h30

João Gilberto morreu em julho deste ano. Uma das maiores lendas da música brasileira em todos os tempos se foi de forma tímida, sem alarde, de forma condizente com sua vida reclusa.

No entanto, os bastidores da morte de João foram recheados de problemas, discussões e desarmonia entre seus parentes e herdeiros.

Dentro do apartamento onde estava vivendo, no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, frequentemente haviam brigas em torno da capacidade do cantor de cuidar de si mesmo, além de discussões a respeito da melhor forma de cuidar dele. As informações foram trazidas pelo jornal Extra deste sábado (26/10).

A filha de João, Bebel Gilberto, havia conseguido em 2017, através de um processo na justiça, a tutela de seu pai, alegando que ele estava incapacitado de tomar decisões, principalmente financeiras. A decisão pela interdição contrariou o outro filho do cantor, João Marcelo, e também sua companheira à época, Maria do Céu Harris.

“A Bebel não deixava faltar nada a eles. Além de pagar as contas da casa, dava semanalmente R$ 2 mil na mão da Maria do Céu para que ela pagasse as despesas de restaurante, farmácia, compras e etc”, disse à reportagem uma amiga da família, cujo nome foi mantido em segredo. Ela contou que as brigas começaram quando Bebel passou a pedir comprovantes das compras feitas. “Mas quando passou a exigir as notas de despesa, começaram a discutir. A Maria nunca apresentava as justificativas. Nem água potável tinha no apartamento”, relatou.

Na velhice, João Gilberto precisou lidar com a balbúrdia que sua casa se tornou – justo ele, que sempre prezou pelo silêncio e a discrição. “Era uma bagunça a casa. Dava pena de ver”, disse um outro amigo do músico.

 

Testamento

Assim que João Morreu, a disputa passou a focar em seu espólio. Maria do Céu afirma categoricamente ter sido a companheira do cantor durante 35 anos, e abriu três processos na justiça para ter uma parte no testamento do Pai da Bossa Nova.

E, em teoria, ela teria mesmo esse direito: segundo um testamento deixado por João Gilberto e assinado em 2003, ele determinou que seus bens fossem divididos entre seus filhos João Marcelo e Bebel, além de Maria do Céu. Na época, sua terceira filha, Luisa, fruto do relacionamento com Cláudia Faissol, ainda não havia nascido; no entanto, no mesmo documento, João afirma “não ter companheira”.

Por lei, 50% da herança precisa ser dividida entre os filhos. Dessa forma, em seu testamento João dividiu os outros 50% entre seus filhos novamente, agora incluindo Maria do Céu. Essa atitude tem sido contestada pelos dois filhos e também por Faissol, que conseguiu revogar o testamento e garante ter um outro, oficializado em cartório.

O advogado de Maria do Céu, Roberto Algranti Filho, diz que ela não quer briga com os herdeiros de João. “Ela entende que o momento é muito delicado ainda, mas afirma que todos sempre viveram bem e sem desavenças. Ela não quer brigar com eles. pelo contrário, espera que possam conviver novamente em memória do João. Mas quer que seus direitos sejam garantidos. Só queremos Justiça nesse caso”, afirmou.